Crítica de cinema Lilia Lustosa, conselheira da FAP, analisa longa-metragem, que terá discussão mais aprofundada no encontro virtual
Comunicação FAP
Em encontro online, o Cineclube Vladimir Carvalho debaterá, na segunda-feira (26/5), a partir das 19h30, o filme O Quarto ao Lado, dirigido por Pedro Almodóvar. A sessão virtual será transmitida no Facebook, por meio da página da Biblioteca Salomão Malina, mantida no Conic, centro de Brasília, pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), vinculada ao Cidadania 23.
Para participar do grupo do Cineclube Vladimir Carvalho, envie solicitação para o WhatsApp oficial da Biblioteca Salomão Malina (61 984015561)
A crítica de cinema Lilia Lustosa, conselheira da FAP, debaterá a produção cinematográfica, com mediação de Paulo Souza. Segundo ela, em seu primeiro longa-metragem em inglês, Pedro Almodóvar escolheu o duo Tilda Swinton e Julianne Moore para dar vida a duas personagens fortes, diferentes e complementares, advindas da mente criadora de Sigrid Nunez, de seu livro What Are You Going Through. Duas amigas, jornalistas nova-iorquinas, que se reencontram depois de longos anos afastadas, em função da doença de uma delas. Ao se reaproximarem, a enferma, ao saber que o tratamento havia falhado, pede para que a outra esteja no quarto ao lado na hora em que ela der fim à sua própria vida.
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“A partir dessa premissa, e explicitamente influenciado pelo poema ‘The dead’, de James Joyce – que, inclusive, é citado no filme -, Almodóvar nos conduz por um corredor de sentimentos que vai se estreitando cada vez mais, deixando-nos com pouco espaço para respirar”, conta Lilia. “A morte e como lidamos com ela é tema centra da história. Ou mais apropriado seria dizer que o filme é sobre a vida e como lidamos com o seu fim. É sobre como escolhemos viver nossos últimos dias, ou cada um deles, já que não sabemos quando esse último chegará”, acrescenta ela.
Eutanásia
A crítica de cinema afirma que, para abrigar essa história delicada sobre um tema ainda hoje tabu – a eutanásia -, Almodóvar mergulha fundo em suas cores fortes, desta vez com destaque para o verde e vermelho, que servem para ilustrar com justeza o jogo entre vida e morte, entre esperança e desencanto, entre o lutar e o entregar-se ao fim. “Cores que compõem com maestria a belíssima fotografia do filme, que é acompanhada pela também excelente trilha de Alberto Iglesias, misturando com delicadeza e precisão, a tensão e a esperança presentes em cada segundo da trama. Uma trilha que abraça, tranquiliza e estende a mão”, analisa Lilia.
Na avaliação da crítica de cinema, O Quarto ao Lado tem, portanto, todos os elementos para ser excelente, mas acaba pecando aqui e ali, ao colocar cenas desnecessárias para explicar passado e presente, ao jogar conceitos fortes, como a mudança climática, no ar, deixando-os perdidos em meio aos temas centrais da história. “E ainda ao deixar de explorar e aprofundar certos personagens que aparecem, mas ficam soltos, não acrescentando nada à história ali apresentada. Uma pena”, diz.
Ela observa, ainda, que, apesar das boas atuações, das belíssimas fotografia e trilha, O Quarto ao Lado é um filme que “não envolve e não emociona, um filme sem alma, infelizmente”. “Talvez o responsável seja o idioma. Afinal, transmitir sentimentos num idioma que não é o seu é algo extremamente difícil e exige treino. Quem sabe no próximo”, afirma.
Veja o trailer, abaixo:
Biblioteca Salomão Malina
Inaugurada em 28 de fevereiro de 2008, a Biblioteca Salomão Malina se tornou um importante espaço de incentivo à produção do conhecimento em Brasília. Localizada no Conic, tradicional ponto de cultura urbana próximo à Rodoviária do Plano Piloto, a biblioteca foi reinaugurada em 8 de dezembro de 2017, após ser revitalizada. Isso garantiu ainda mais conforto aos frequentadores do local e reforçou o compromisso da biblioteca em servir como instrumento para análise e discussão das complexas questões da atualidade, aberta a todo cidadão.
O espaço conta com quase 6.950 títulos para empréstimos gratuitos. O acervo é constantemente atualizado por meio de doações e pela aquisição de obras de pensadores contemporâneos. Os livros especializados em ciências sociais e humanas. Também há obras sobre crítica social e costumes, na transição do Brasil rural para o urbano.
