Marco Antonio Villa: Bolsonaro conspira contra a saúde pública

Transformar a vacinação em instrumento de guerra política é uma enorme crueldade. Estamos falando de vidas que podem ser salvas.
Foto: Isac Nóbrega/PR
Foto: Isac Nóbrega/PR

Transformar a vacinação em instrumento de guerra política é uma enorme crueldade. Estamos falando de vidas que podem ser salvas

Como esperado — infelizmente — Jair Bolsonaro está partindo para o confronto aberto com os brasileiros. É inaceitável o que o presidente da República está fazendo com as diversas vacinas para combater a Covid-19. O negacionismo está sendo elevado à potência máxima. É imperiosa a necessidade de iniciar o mais rapidamente possível a campanha nacional de vacinação. Transferir este evento para março de 2021 pode significar a morte de mais de 30 mil brasileiros, isto se a média macabra de óbitos se mantiver. É incompreensível vacinar apenas 1/3 da população. Neste ritmo a imunização vai demorar mais de dois anos.

Bolsonaro passou o ano inteiro conspirando contra a saúde dos brasileiros. Demitiu dois ministros da Saúde, atacou o distanciamento social, o uso de máscara, álcool em gel e demais cuidados. Afirmou inúmeras vezes que o novo coronavírus não passava de uma simples gripe, isto quando já sabíamos dos efeitos na Ásia e na Europa. Atrelou o combate à pandemia à política de Donald Trump. Os efeitos logo se manifestaram, ao norte do Rio Grande, que separa o México dos EUA, com o maior número de infectados e de óbitos. No nosso país a tragédia só não foi maior graças às ações corajosas de governadores e prefeitos, que, vale registrar, foram sistematicamente atacados e desqualificados por Bolsonaro e seus asseclas.

A situação presente é muito grave. Não é possível que até hoje o ministério da Saúde não tenha efetuado as compras preventivas das diversas vacinas. E mais: não estabeleceu uma campanha nacional de vacinação e, muito menos, uma articulação com as secretarias estaduais de Saúde. O improviso e a irresponsabilidade são as características principais da gestão de Pazuello. Contudo, o general nada faz sem a anuência do capitão-presidente.

Estamos muito próximo de uma situação caótica no campo da saúde pública. Os brasileiros querem a vacinação o mais rápido possível. Ninguém aguenta mais o que estamos passando desde o primeiro trimestre deste ano. O país clama pelo enfrentamento da Covid-19, evidentemente de forma segura e científica. Transformar a vacinação em instrumento de guerra política é de uma enorme crueldade. Estamos falando de vidas que podem ser salvas. Estamos falando de um país que necessita o mais rapidamente possível retomar a normalidade econômica. Postergar a vacinação em massa, certamente, vai encontrar uma enorme resistência popular. Espero que Bolsonaro não pague para ver.

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