Indústria tem papel fundamental em inovação, dizem especialistas em webinar

Evento online encerrou programação da recém-lançada revista Política Democrática especial sobre cidades.
Foto: Reprodução
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Evento online encerrou programação da recém-lançada revista Política Democrática especial sobre cidades

Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP

O setor de indústria deve assumir protagonismo na inovação no Brasil, que deve ser estimulada por meio de parcerias público-privadas e investimentos em educação. A análise é de especialistas que participaram, na noite desta quarta-feira (29), do quinto e último encontro do ciclo de debates online da programação de lançamento da 55ª edição da revista Política Democrática impressa, que inaugurou sua versão temática com o título A reinvenção das cidades. O evento teve transmissão ao vivo no site e na página da FAP (Fundação Astrojildo Pereira) no Facebook.

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A publicação foi lançada, oficialmente, no dia 30 de setembro, com a realização do primeiro encontro do ciclo de debates online, e colocada à venda na internet com o objetivo de colaborar com as discussões de melhorias das cidades, às vésperas das eleições municipais. Todos os eventos da programação foram mediados pelo sociólogo e diretor da FAP Caetano Araújo e tiveram presença permanente da jornalista Beth Cataldo, da Tema Editorial, que, em parceria com a fundação, coeditou a revista.

Autor do texto Em busca da cidade sustentável e empreendedora, publicado na revista, o doutor em engenharia e diretor executivo da Federação Global de Conselhos de Competitividade (GFCC), Roberto Alvarez, disse que “o Brasil é um país pouco inovador”, considerando métricas internacionais. Segundo ele, dados da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostram que o crescimento econômico de seus países membros é explicado pela inovação.

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No Brasil, desde 2003, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) realiza um trabalho com 75 mil empresas no país, que correspondem a 97,5% do produto da indústria brasileira. “Empresas que inovam e diferenciam produtos crescem mais, exportam mais, são mais lucrativas e geram mais e melhores empregos, que remuneram melhor os trabalhadores e nos quais as pessoas permanecem por mais tempo”, afirmou Alvarez. “Inovação é fundamental para o crescimento econômico”, disse.

De acordo com Alvarez, a baixa conexão do país com o restante do mundo é um problema, considerando a perspectiva de pessoas. Ele observou que a média mundial de imigrantes é de 3,5% em relação ao total da população de cada país. Nos Estados Unidos, 15% dos moradores nasceram fora. No Brasil, estrangeiros representam apenas 0,3% dos habitantes. “Fomos um país de imigrantes. A nossa sociedade hoje oxigena pouco e tem poucas conexões com o mundo, o que representa gargalo muito grande para capacidade de inovar e levar coisas novas para o mundo”, criticou o diretor da GFCC, organização sediada em Washington (EUA) e presente em mais de 30 países.

Mais recursos

O professor André Corrêa d’Almeida, da Universidade de Columbia e conselheiro sênior da Academia de Ciências de Nova Iorque, alertou que o discurso de inovação centrado em tecnologia e dados não ajuda 99% das cidades do mundo por causa da falta de recursos para executar os projetos. Ele escreveu o texto Cidades mais inteligentes no Brasil: teoria e prática, publicado na revista e produzido em parceria com Clara Clemente Langevin.

Autor de Smarter New York City: How City Agencies Innovate, d’Almeida também citou a importância de fortalecer os meios de implementação e revitalizar parceria global para o desenvolvimento sustentável. É o que já prevê o último dos 17 objetivos da Agenda 2030, um plano global proposto pela ONU (Organização das Nações Unidas) e que ainda é formado por 169 metas. “A indústria tem que desempenhar um papel de frente”, sugeriu.

O autor fez um alerta para que a discussão do assunto não fique apenas “no plano das ideias, das visões”. “Na realidade local, dos municípios, não nas grandes empresas, é preciso mapear o que já existe de talento, iniciativa e experimentações para desenvolver agenda de inovação a partir do que já existe”, afirmou d’Almeida. Segundo ele, a falta de autonomia financeira das cidades é outra grande barreira para processos inovadores.

Clara Clemente, que tem MBA em Prática de Desenvolvimento da Columbia University e é especializada em utilizar tecnologias emergentes no setor público, destacou que uma gestão baseada em inovação toma decisões sustentadas em dados. “Para ter uma gestão de cidades inteligentes no Brasil, é importante criar uma rede de partes interessadas para garantir processo holístico e que tenha olhar para toda a sociedade”, enfatizou.

Barreiras políticas

Convidado para debater o assunto com os autores de textos publicados na nova edição da revista Política Democrática, o presidente do Conselho de Administração da FAS (Fundação Amazonas Sustentável), engenheiro civil Benjamin Sicsú, criticou a falta de governança no Brasil em busca de processos inovadores. Segundo ele, barreiras políticas ainda precisam ser superadas para implementá-los, efetivamente.

Sicsu, que também é ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e ex-vice-presidente de novos negócios da Samsung Eletronics para a América Latina, sugeriu mais integração entre instituições para o desenvolvimento de ações inovadoras. “No Brasil, diferente de outras países, o número de pesquisas colaborativas é muito pequeno. Entidades associativas não trabalham de forma que as empresas possam encontrar, em conjunto, soluções para problemas’, lamentou.

Além disso, o engenheiro ressaltou a importância de criação de banco de dados que possam ser compartilhados com a sociedade a fim de estimular processos inovadores. “Precisamos armazenar e difundir informações de coisas boas e de coisas que não deram certo, para outros não repetirem os erros”, afirmou, ressaltando a importância de mais investimentos em educação. “Não teremos inovação com baixíssimo nível educacional. O [baixo] nível de inovação brasileiro só será resolvido com patamar superior de educação”, destacou.

Ficha técnica

Título: A reinvenção das cidades – Revista Política Democrática edição 55
Número de páginas: 282
Projeto gráfico e diagramação: Rosivan Pereira
Revisão textual: Mariana Ribeiro
Preço versão impressa: R$ 45,00
Publicação: Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e Tema Editorial

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