Germano Martiniano: Nós ou eles?

germano1

Domingo 17 de abril, foi um dia histórico para o Brasil, no qual se votou na câmara dos deputados pela continuidade do processo de Impeachment contra a presidente. A maioria optou pelo SIM, pelo Impeachment. Ainda existe um longo caminho para que a Dilma saia, em definitivo, do governo. Contudo, é inegável que um grande passo foi dado, e independentemente do que acontecer daqui para frente a vitória do sim, neste domingo, tem um peso histórico enorme.

As falas dos deputados, antes de realizarem seus respectivos votos, foi o ponto enfadonho da votação. Com exceção de alguns, a maioria dedicava o voto a família, a Jesus, a Deus etc., demonstrando que nosso estado está longe de ser laico. Bolsonaro, como sempre, destilou baboseiras em sua fala. No outro extremo Jean Wyllys julga “canalhas”, fascistas e homofóbicos os que não pensam como ele. Tirando estes extremos, um ponto me chamou atenção na análise do processo de Impeachment. Muitos deputados disseram: “não posso negar o pedido das ruas!”

Pode ser que estes deputados tenham dito isso para fazer média com a população. Sempre existem interesses obscuros na politica. Mas é impossível ignorar milhões de pessoas nas ruas clamando por mudanças.Por isso o peso histórico. É leviano dizer que a maioria da população brasileira é golpista, fascista ou qualquer denominação do tipo. Na democracia temos de aceitar o posicionamento contra, democracia é viver no dissenso. Porém, o dissenso tem que ser honesto. A tática petista em colocar o “Nós”, pessoas esclarecidas, democráticas e que lutamos pelos pobres, contra “Eles”, elitistas, ditadores e burgueses, não é opinião contrária, não é argumento, é farsa, é mentira, é desrespeito e ignorância.

As pessoas contra o Impeachment continuam a remeter tudo o que está acontecendo com o golpe de 1964. Palavras não precisam ser gastas neste texto para se compreender básicas diferenças. Penso que essas pessoas, no vazio de suas vidas, precisam encontrar sentido na existência. Criam uma ditadura em suas cabeças e decidem lutar contra ela. Um tanto quanto esquizofrênico. A vida continua, não existe “nós” contra “eles”, politica não é guerra. O Brasil é um só, o dissenso é importante, desde que exista argumentações e não estigmatizações.

Hoje, segunda-feria, 18 de abril, a vida continua, o Impeachment não pode ser tudo ou nada na vida do brasileiro. O povo brasileiro precisa se politizar a cada dia, precisamos ser além de futebol e carnaval. O dia em que ascendermos dessa posição medíocre veremos que nosso debate politico pode ser mais rico do que “nós” e “eles”, e que também exite outros pronomes: eu, tu, ela, vós e elas!!!

Germano Martiniano – Assessor de Comunicação da FAP e formado em
Relações Internacionais pela UNESP/Franca

Privacy Preference Center