FAP Entrevista: Naura Schneider

Atriz e produtora de cinema, Naura Schneider avalia que, para haver uma sociedade mais equânime em relação ao gênero, é necessário um processo educacional permanente que enfrente a questão.
Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

Atriz e produtora de cinema, Naura Schneider avalia que, para haver uma sociedade mais igulatária em relação ao gênero, é necessário um processo educacional permanente que enfrente a questão

Por Germano Martiniano

Atualmente a violência contra as mulheres no Brasil está presente em todas as classes sociais e regiões brasileiras, não se restringindo apenas a agressão física, mas também ao assédio, pornografia, desigualdade de salários e funções, entre outros tipos.  Recém-nomeada diretora da Secretaria de Políticas para Mulheres do Ministério dos Direitos Humanos, a atriz e produtora de cinema Naura Shneider trata desses temas na entrevista da semana da FAP Entrevista, série que a Fundação Astrojildo Pereira está publicando, aos domingos, com intelectuais e personalidades políticas de todo o Brasil, tem o objetivo de ampliar o debate em torno do principal tema deste ano: as eleições.

Formada em jornalismo, Naura atuou por muito tempo como atriz da TV Globo, onde fez novelas de sucesso como O Clone (2002), Mulheres Apaixonadas (2003) e Senhora do Destino (2004). No cinema, seu último trabalho foi no longa Vidas Partidas (2016), mas já havia produzido os documentários Flores de Pilão e Silêncio das Inocentes. Todos estes trabalhos abordaram a questão da violência contra a mulher e do empoderamento feminino.

Para a atriz, a melhor forma de se combater este tipo de violência e alcançar uma sociedade mais igualitária na questão de gênero é por meio da educação. “A Educação é fundamental para uma solução consistente e permanente”, acredita Naura.

Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista de Naura Schneider:

FAP Entrevista – O filme Vidas Partidas não foi a primeira vez que a senhora se envolveu em um projeto sobre violência contra a mulher. O que a levou a tratar desse tema?
Naura Schneider- Tenho procurado através do cinema mostrar as varias formas de violência contra as mulheres e a importância de uma mudança de posicionamento e do comportamento da sociedade em relação a esta dramática questão.

A senhora acaba de ser nomeada diretora da Secretaria de Política para Mulheres do Ministério dos Direitos Humanos. Qual seu principal objetivo nesta nova função?
Penso que por meio da Educação poderemos atingir um nível melhor na direção dessa mudança de comportamento. Ou melhor, por meio de processos educacionais em todos os níveis. Portanto, a Educação é fundamental para uma solução consistente e permanente, ao mesmo tempo, reconheço que iniciativas importantes têm sido implementadas por entidades, organizações sociais e por diversas esferas de governo.

Em Vitória (ES), o prefeito Luciano Resende implantou o “botão do pânico” para mulheres que sofrem violência doméstica. Esta medida reduziu significativamente o problema na cidade. O que falta no poder público, em geral, do municipal ao federal, para dar mais apoio as mulheres?
Nosso país tem uma das legislações mais adequadas no sentido da repressão à violência contra as mulheres, que é a lei Maria da Penha, entretanto como trata-se de uma questão complexa, que ocorre no âmbito das famílias, as políticas públicas devem ter o cuidado de construir condições favoráveis a essa mudança de comportamento.

Em relação ao empoderamento da mulher, como fazer uma sociedade mais  igulatária?
A questão do empoderamento da mulher como agente econômico e social, em igualdade de condições, também se revela complexa, uma vez que transpor as barreiras da discriminação, do assédio moral e do constrangimento sexual, e da desigualdade de salários no mercado de trabalho, também dependem de uma evolução cultural. Assim, as mudanças só serão consistentes na medida em que decorrer de um processo educacional permanente, que enfrente essas questões de maneira equilibrada e promova um engajamento crescente de jovens e adultos, homens e mulheres.

O que a senhora espera do próximo presidente brasileiro, quanto a questão de políticas públicas voltadas às mulheres?
Tenho convicção que políticas públicas de combate à violência e ações concretas para sua prevenção e repressão devem constar da agenda de todos os governantes e das plataformas eleitorais dos candidatos a presidente da República.

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