Cenário da pandemia pode impulsionar desaglomeração, dizem especialistas

Philip Yang, Tom Rebello e Emilia Stenel participaram de debate da programação de lançamento da 55ª edição da revista Política Democrática impressa.
Foto: Reprodução/Facebook
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Philip Yang, Tom Rebello e Emilia Stenel participaram de debate da programação de lançamento da 55ª edição da revista Política Democrática impressa

Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP

O cenário mundial da pandemia do coronavírus, marcado pelo crescente desenvolvimento da tecnologia e constante movimento de transformação das cidades, pode impulsionar o processo de desaglomeração social nos próximos anos. A avaliação é de especialistas que participaram, na noite desta quarta-feira (7), do segundo encontro do ciclo de debates online A reinvenção das cidades, mesmo título da 55ª edição da revista Política Democrática impressa, publicada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), em parceria com a Tema Editorial, e lançada no dia 30 de setembro.

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“A pandemia, com as tecnologias, impulsiona o espraiamento maior”, afirmou o fundador do Urbem (Instituto de Urbanismo e Estudos para a Metrópole), Philip Yang. Ele disse que o trauma das epidemias impacta pouco na forma urbana. “As tecnologias, de fato, são determinantes na forma das cidades”, explicou, ressaltando que o mundo atual da pandemia tem um conjunto de tecnologias favoráveis à desaglomeração, o que, conforme observou, talvez o distingue das crises sanitárias anteriores.

Confira como foi o debate!

Autor da análise sobre a cidade depois do vírus, publicada na segunda parte da revista Política Democrática impressa, Yang fez um alerta sobre a desaglomeração. “Se essa tendência é permanente, a gente tem que lembrar que desaglomerar também é perigoso porque o espraiamento urbano traz riscos à estabilidade climática”, destacou. Ele lembrou que, até antes da pandemia, as projeções indicavam que, entre 2001 e 2030, seria gerada uma mancha urbana planetária três vezes maior que a de 2000.

O arquiteto e urbanista Tom Rebello, que tem especializações na França em Planejamento de Transportes e Desenvolvimento Urbano e Regional, ponderou que a descompressão pode gerar novos centros em outros bairros, através da descentralização que faça uso de corredores existentes. “Novos centros não só para que as pessoas possam ir trabalhar a pé ou de bicicleta”, acentuou. “Novos centros em bairros antigos podem promover certa autossuficiência, de forma mais organizada e que diminua essa pressão em cima do sistema de transporte”, exemplificou.

De acordo com Rebello, é impossível imaginar que as cidades possam crescer indefinidamente. Segundo ele, a política de promover, ou incentivar, o processo de desmigração, como chamam alguns sociólogos, tem a ver com incentivos para indivíduos e empresas. “Incentivo para o indivíduo é renda mínima, para poder voltar à sua região de origem, ou para cidades menores, e ter um salário, pelo menos provisoriamente”, explicou ele, que é autor do texto sobre perspectivas de espaços mais justos, também publicado na segunda parte da revista.

Na avaliação da arquiteta e professora Emilia Stenel, que se especializou em arquitetura habitacional pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e tem mestrado em Teoria e Crítica da Arquitetura pela UnB, não há dúvida de que as cidades precisam ser repensadas. “As cidades têm que abrir espaço para pluricentralidade”, enfatizou. Ela concedeu entrevista à revista Política Democrática impressa e abordou sua visão otimista.

“A solução é a saída do centro, sim, para unidades que tenham direito ao cultivo, em cada habitação”, disse ela, citando exemplo da Suécia. “Temos que restituir o direito à habitação com uma promessa que não seja a de inserção em uma indústria que não mais existe, que mostrou-se ineficiente. Temos que garantir possibilidade de sobrevivência e retorno da relação com a natureza, e as cidades têm que repensar profundamente qual é o espaço da cidade. É o espaço que ando ou tem de incorporar o espaço virtual”, provocou, ressaltando a influência da tecnologia sobre a vida urbana.

A jornalista Beth Cataldo, idealizadora da nova edição da revista e editora responsável da Tema Editorial, disse que as análises garantem a pluralidade de vozes, marca do projeto da publicação. “Nosso papel foi justamente trazer esse estímulo ao debate, a ideia de que é preciso debater a vida urbana e as cidades. No ano de eleições municipais, foi mais que apropriado fazermos um volume sobre esse tema”, afirmou.

O evento online foi mediado pelo sociólogo e diretor da FAP Caetano Araújo, que também é professor da UnB (Universidade de Brasília). Ele também vai mediar os três próximos encontros online do ciclo de debates A reinvenção das cidades, que serão realizados todas as quartas-feiras.

Ficha técnica

Título: A reinvenção das cidades – Revista Política Democrática edição 55
Número de páginas: 282
Projeto gráfico e diagramação: Rosivan Pereira
Revisão textual: Mariana Ribeiro
Preço versão impressa: R$ 45,00
Publicação: Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e Tema Editorial

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