Bruno Boghossian: O pastelão da oposição

Participação de políticos em piada de ator global revela oposição ingênua e sem rumo.
Foto: Reprodução/TV Globo
Foto: Reprodução/TV Globo

Participação de políticos em piada de ator global revela oposição ingênua e sem rumo

Como se não bastasse um governo alucinado, a oposição também migrou para o mundo do delírio. Ex-presidentes, líderes parlamentares e dirigentes de partidos de esquerda tentaram fazer uma brincadeira e declararam apoio ao ator José de Abreu como presidente autoproclamado do Brasil.

A piada começou como uma crítica ao venezuelano Juan Guaidó, que fez o mesmo em seu país para tentar derrubar Nicolás Maduro. O ator global gostou do personagem e transformou a esquete em um palanque contra Jair Bolsonaro. Os políticos que entraram na onda talvez não tenham percebido, mas são estrelas de uma comédia pastelão barata.

Abreu começou a convocar figuras da esquerda nas redes sociais para seu governo fictício —e elas responderam. Chamada para o Ministério de Energia Convencional e Alternativa, Dilma Rousseff pediu que ele conduzisse o Brasil “com perseverança e olhando para nossa gente”.

Na partilha de cargos, Lula recebeu o Ministério dos Justos. Da prisão, mandou um bilhete ao ator declarando ser seu cabo eleitoral.

Além dos petistas, Jandira Feghali (PC do B) chegou a publicar uma foto de um evento convocado por Abreu em seu desembarque no aeroporto do Rio, na sexta (8). “O presidente chegou!”, exclamou.

O que deveria ser um protesto bem-humorado revelou uma oposição ingênua e sem rumo.

Convidado pelo global para ser o ministro fictício das Relações Institucionais, o deputado Marcelo Freixo (PSOL) respondeu:

“Kkkkkk”. Criticado por um seguidor, argumentou que o humor “também desestabiliza a tirania”. E completou: “A ação da esquerda no Congresso não tem sido pequena, seja justo”.

Até agora, quem mais incomodou o governo na Câmara e no Senado foi o centrão, que conseguiu emparedar Bolsonaro.

Enquanto isso, a oposição parece não ter ideia de como fazer oposição. Rachada entre siglas que disputam protagonismo, a esquerda mostrou que só consegue se unir no campo da ficção.

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