Sem capacidade para ações concretas na pandemia, presidente já desistiu de manter as aparências
Jair Bolsonaro teve uma manhã agitada. Perto das 7h, o presidente embarcou no avião oficial e voou para o Rio Grande do Sul. Inaugurou a obra de uma ponte sobre o rio Guaíba e, depois, a duplicação de um trecho de 27 km da BR-116. Ele acenou para os motoristas por 10 minutos, com transmissão ao vivo na TV controlada pelo governo.
O país aprendeu a não esperar ações concretas de Bolsonaro para contornar a longa crise aberta pela pandemia. Ele mesmo já desistiu de manter as aparências. O presidente preferiu desperdiçar mais uma semana no cargo com propaganda pessoal e medidas para seus apoiadores.
O ciclo começou na segunda (7), quando Bolsonaro reuniu ministros na inauguração de uma vitrine com o terno que vestiu na posse. No discurso, ele soltou elogios para o alfaiate que fez o traje, mas ninguém escondeu que a cerimônia havia sido organizada para exaltar o capitão.
No dia seguinte, enquanto seus auxiliares tentavam explicar por que podem faltar seringas para as vacinas do coronavírus, Bolsonaro tinha outros assuntos na cabeça. Num evento do Ministério da Saúde, soltou uma frase inútil sobre a imunização: “Ninguém vem falar comigo sobre vacina sem que antes passe pelo senhor Eduardo Pazuello”. E só.
A semana continuou com uma comemoração nas redes pela decisão do governo de zerar a alíquota de importação de revólveres e pistolas, na manhã de quarta (9). Mais tarde, num encontro com apoiadores no Palácio da Alvorada, ele celebrou a nomeação de um amigo para o Ministério do Turismo.
Antes da sessão de tchauzinho na beira da estrada, na quinta (10), Bolsonaro ainda encontrou tempo para soltar mais uma mentira. “Ainda estamos vivendo um finalzinho de pandemia”, disse o presidente. Nos últimos quatro dias, o Brasil acumulou quase 3 mil mortes por Covid-19.
O presidente já tem compromisso para encerrar a semana de trabalho: nesta sexta-feira (11), ele voa para Itaguaí (RJ) e participa de uma cerimônia do Dia do Marinheiro.