Mauricio Huertas: Hoje só nos resta desejar: Feliz 2019, Brasil!

Num 2017 que termina com o tal “insulto” natalino do presidente Michel Temer para um terço dos condenados na Lava Jato; com a liberação de um sorridente mensaleiro (Henrique Pizzolato, aquele que fugiu do Brasil se passando pelo irmão morto), juntando-se a outros indultados famosos, como José Dirceu, José Genoíno eJoão Paulo Cunha; com o mercado comemorando um reaquecimento ínfimo (que beneficia os investidores da bolsa, enquanto para o trabalhador o desemprego volta a subir, em plena época natalina); com a demissão de um ministro do Trabalho que ninguém sabe quem é (e a entrada de outro, idem!), isso num ano em que se aprovou uma reforma trabalhista e se discute a reforma previdenciária; só nos resta mesmo desejar aos brasileiros um Feliz 2019!

Se já sabíamos que entraríamos num período de transição no pós-impeachment de Dilma Rousseff, este 2018 será o auge desse rito de passagem. Com o agravante de uma eleição presidencial determinante, mas completamente imprevisível, num cenário de descrença generalizada nas instituições democráticas e republicanas, e um porto nada seguro para o novo ciclo que se iniciará com o resultado a ser proclamado em outubro de 2018.

O calendário do ano novo (novo?) está posto, com aquela estranha sensação de déjà vu logo na sua chegada: manifestações contra o aumento de 20 centavos no transporte público de São Paulo estão marcadas para 11 de janeiro (onde certamente teremos a monótona repetição de cenas de depredação e violência); além do julgamento de Lula em segunda instância no dia 24 de janeiro – e isso nos remete ao início deste texto, quando mencionamos o indulto concedido aos bandidos do Mensalão e da Lava Jato. Teremos afinal a condenação do chefe dessas duas quadrilhas? Ele estará afastado das eleições? Vai recorrer para sair candidato? Será preso ou responderá em liberdade?

Mas isso é só o começo de janeiro, neste ano (de novo: novo?) que entramos com ranço dos anos 70 e 80: afinal, temos Paulo Maluf e José Maria Marin atrás das grades; enquanto Jair Bolsonaro e Lulalideram livres, leves e soltos as pesquisas de intenção de voto. Nada mais emblemático destes velhos novos tempos. O que mais virá por aí entre o Carnaval, logo no início de fevereiro, a Copa do Mundo no meio do ano, seguida pelas campanhas eleitorais, a eleição em si e… 2018 vai voar!

De todo modo, será uma boa chance para a (re)definição dos campos partidários e talvez até para o necessário surgimento de novas lideranças. Crise é oportunidade, diz a sabedoria milenar. Esse último suspiro do (des)governo Temer – na súbita e típica melhora do paciente terminal antes da morte – pode clarear um pouco o horizonte político ao atrair para o seu entorno oportunistas de todas as matizes que se reunirão para dilapidar o que resta da máquina estatal. Do lado oposto, o vitimismo dos que construíram a narrativa do golpe e o queremismo redivivo do pai dos pobres.

Isso abre um flanco estratégico para uma candidatura equidistante do governo e da oposição tradicional, ambos comprovadamente quadrilheiros e indesejáveis para o país que desejamos construir para o futuro – e que aí sim poderemos estufar o peito e encher a boca para bradar: UM BRASIL NOVO! Renovado, reformado, recuperado, reestruturado, reconstruído.

Sem os Malufs e Marins, sem os Temers e Lulas, sem os Bolsonarosou Meirelles, políticos vetustos com novos disfarces, que tentam esconder a velha política com as suas práticas obsoletas, deletérias e condenáveis. Não precisamos de mais do mesmo! Basta de indultos aos maus políticos! Basta da complacência da sociedade com tudo aquilo que empurra o Brasil para o buraco, que arrasa com a nossa esperança por dias melhores e que coloca em risco a nossa jovem estabilidade democrática.

Se queremos felizes 2019, 2020, 2021 (…) precisamos construir isso nos próximos meses. Não vamos delegar aos mesmos enganadores e exterminadores de sonhos, o nosso futuro. Vamos assumir a nossa responsabilidade e exercer o nosso protagonismo para forjar a mudança que desejamos. Vamos criar, inovar, fazer nascer e crescer um novo Brasil! Já!

Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS/SP, diretor executivo da FAP (Fundação Astrojildo Pereira), líder RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), editor do Blog do PPS e apresentador do #ProgramaDiferente

 


Mauricio Huertas: A transição pós-PT, o presidencialismo de cooptação e as penas que voam no ninho tucano

Não chega a espantar toda a polêmica e o stress causado pela mais recente propaganda partidária do PSDB, mencionando genericamente os erros que a legenda teria cometido (sem, contudo, listá-los) e criticando o “presidencialismo de cooptação” – que, segundo o programa tucano, neste momento em que é preciso pensar no país, deveria ser substituído pelo parlamentarismo.

Quem acompanha o dia-a-dia da política sabe da divisão partidária existente entre os defensores e partícipes do governo do presidente Michel Temer contra aqueles que cobram o desembarque e a coerência de continuar se opondo aos desmandos e esquemas ilícitos que apenas mudaram de mãos com a troca de mandatário no mesmíssimo consórcio do poder instalado em Brasília.

A crise interna do PSDB é, em maior ou menor grau, reprodução da crise da política e da democracia brasileira, com seus reflexos nos partidos, nas instituições e em toda a sociedade organizada. A realidade opõe quem defende fazer a transição pós-PT dentro deste governo, fechando os olhos e tapando o nariz para a má companhia ocasional, como se os fins justificassem os meios, àqueles que consideram absurdo e inaceitável servir de base de sustentação para os cúmplices de Lula e Dilma por 13 anos, igualmente implicados nas investigações da força-tarefa do Ministério Público, da Polícia Federal, do Judiciário e da Procuradoria-Geral da República.

Uma coisa é certa: do lado de cá, consideramos o petismo águas passadas e queremos avançar. A divergência é sobre como (e com quem) proceder essa transição. Do lado de lá, prossegue a retórica do golpe e o discurso do vitimismo, na tentativa desesperada de sobrevivência após a avalanche de denúncias, delações e condenações. No meio há um fosso enorme aberto pela Operação Lava Jato, que deve servir exatamente para separar os dois lados: e quem, pelos mais inconfessáveis interesses, quiser dar as mãos ao lado oposto para se salvar mutuamente, que afunde solidário, mas não nos puxe junto.

Isso posto, registrado o nosso apoio incondicional à Lava Jato e à punição exemplar de todos os envolvidos em irregularidades, estejam eles no PT, no PMDB, no PSDB ou na “pqp”, voltemos à polêmica da propaganda tucana. Primeiro, uma constatação sobre o formato: o programa feito todo (e apenas) por atores reforça a aversão à política. Passa um atestado da falência da nossa democracia representativa e da miséria dos partidos. Isso é bom? É desejável?

O PSDB afirma e reafirma: Errou! – e a mensagem repetida é a que fica, afinal. “Está na hora de pensar no país”, o programa também repete. Então quer dizer que até agora não pensava? (Hmmmm) Houve ruído para fora e para dentro. Voou pena para todo lado. A peça produzida pelo publicitário Einhart Jacome da Paz – conhecido no meio político como cunhado e marqueteiro de Ciro Gomes nas suas incursões como candidato a presidente em 1998 e 2002, antes disso de FHC em 1994 e 1998, e depois de Lula no 2º turno de 2002 – parece tão confusa e errante quanto o seu currículo profissional.

Diante disso tudo, a defesa do parlamentarismo soa frágil, como tábua de salvação dos políticos tucanos que foram escondidos no seu próprio programa. Há um vácuo entre a intenção da mensagem emitida e a percepção real do eleitor. Como comunicação isso é ruim. Muito ruim. Parece que o estrago que o PT fez à esquerda, o PSDB pode estar fazendo ao parlamentarismo. Tudo porque o discurso não combina com a ação. Não passa credibilidade.

O termo “presidencialismo de cooptação”, que usamos há tempos em outros artigos por aqui e agora tanto desagrada os “players” do governo, incomoda exatamente porque coloca o dedo na ferida. Os cifrões nos olhos dos bonequinhos que representam os deputados na ilustração animada do PSDB indicam uma realidade que os mais pragmáticos preferiam omitir. O sistema político-partidário está falido, nossos partidos agonizam e as velhas lideranças batem cabeça. O passado resiste a partir e o futuro demora a chegar. Então, como agir neste momento? As mudanças se impõe. Mãos à obra.

 


Conteúdo do Encontro de Jovens no Rio estará disponível na TVFAP.net

A TVFAP.net mostra um pouco do que a Juventude espera da política e do mundo. Cobrimos com exclusividade um encontro para a formação de jovens lideranças, organizado pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira) no Rio de Janeiro, em parceria com o PPS, e apresentaremos aqui todo o conteúdo das dinâmicas e de todo esse aprendizado.

Houve uma série de palestras e debates na Colônia de Férias Kinderland, em Sacra Família do Tinguá, município de Engenheiro Paulo de Frontin (RJ), que reuniu, entre outros, o presidente nacional do PPS, Davi Zaia; o presidente do Conselho Curador da FAP, senador Cristovam Buarque (PPS-DF); o diretor-geral da FAP, Luiz Carlos Azedo; o prefeito de Vitória, Luciano Rezende; a deputada brasileira no Parlamento Italiano, Renata Bueno; o presidente da Rede Brasileira de Cidades Inteligentes, André Gomyde; o líder indígena Marcos Terena; e o humorista Marcelo Madureira, do Casseta & Planeta.

Como resultado deste encontro, haverá uma série de temas diversos apresentados no #ProgramaDiferente a partir do mês de abril, e todo o conteúdo de palestras, debates e entrevistas com os participantes estará disponível em um canal especial da TVFAP.net aberto a todos os interessados. Assista.


Maurício Huertas: "Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?"

Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo: Santo, Caju, Feio, Caranguejo e Gripado; Primo, Próximus e Velhinho; Boca-Mole, Botafogo e Angorá.

Parece escalação de time de várzea, mas é a seleção da política nacional envolvida na delação premiada da Odebrecht.

Aqui não tem nada de amadorismo, é profissionalismo total, que envolve o primeiríssimo time da Nação no anti-jogo que começa a ser desvendado a partir do fim-de-semana.

A rodada deste novo Brasileirão está só começando e já teve Lula três vezes réu pedindo música no Fantástico, Renan no tapetão para impedir o rebaixamento e juiz chamado de ladrão depois de poupar o atacante flagrado em impedimento escandaloso na cara do gol. Pode isso, Arnaldo?

Ducha

Ninguém sabe como vai acabar essa disputa que envolve craques e pernas-de-pau, técnicos e cartolas de todas as agremiações.

Mas a regra é clara: que não se olhe a cor da camisa nem o tamanho da torcida para privilegiar alguém nesse bem-vindo sistema eliminatório, o popular mata-mata. Caia quem tiver que cair.

Como até a Arena Corinthians está envolvida em escândalo, é curioso lembrar do tempo em que as Duchas Corona patrocinava o Timão; hoje temos a Lava Jato passando o Brasil a limpo.

Como nunca antes na história deste país, os amantes do futebol-arte podem ser comparados com os torcedores utópicos e praticantes de uma nova forma de fazer política. Na defesa intransigente da democracia, com um meio-campo criativo para reformar o sistema político-partidário e um ataque fulminante à corrupção.

Crepúsculo do jogo. O tempo passa! (e que o saudoso Fiori Giglioti me perdoe pelo uso indevido dos seus bordões futebolísticos nesse jogo sujo da política) Aguenta coração!

*Mauricio Huertas, jornalista, é diretor executivo da FAP (Fundação Astrojildo Pereira) e apresentador do #ProgramaDiferente


Cristovam Buarque assume a presidência e Luiz Carlos Azedo a direção geral da FAP

Com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do ministro da Cultura Roberto Freire, dos senadores José AníbalMarta Suplicy e Cristovam Buarque, dos deputados federais Alex Manente Pollyana Gama, do deputado estadual Davi Zaia e do secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, foram empossados os novos diretores e conselheiros da FAP (Fundação Astrojildo Pereira) para o biênio 2017-2018, em solenidade realizada no sábado, 3 de dezembro, na Câmara Municipal de São Paulo.

Tanto Roberto Freire quanto Arnaldo Jardim são também deputados federais licenciados. Ao ser nomeado ministro, Freire se afastou da Câmara dos Deputados e da presidência nacional do PPS, assumida agora por Davi Zaia, até então secretário-geral e presidente estadual do PPS em São Paulo, função pela qual passou a responder Alex Manente.

O novo presidente do Conselho Curador da FAP é o senador Cristovam Buarque, e o diretor-geral é o jornalista Luiz Carlos Azedo, colunista político do Correio Braziliense. A presidência de honra será ocupada pelo cientista social Luiz Werneck Vianna, mestre em ciência política pelo Iuperj e doutor em sociologia pela USP.

O ato foi transmitido online pela TVFAP.net, que durante a semana colocará no ar a íntegra do evento à disposição do público e também prepara para o próximo #ProgramaDiferente um especial sobre a solenidade da FAP. Enquanto isso, você acompanha matéria com FHC, Cristovam, Marta, Roberto Freire, Davi Zaia, Azedo e Arnaldo Jardim falando sobre o atual momento político do Brasil, o governo de transição do presidente Michel Temer e as expectativas para o ano de 2017.