FAP realiza o seminário “O Brasil em um mundo em transformação”, dia 3, em São Paulo

Falta de recursos, investimentos insuficientes em educação e engessamento das fontes de financiamento das nossas universidades ainda dificultam o desenvolvimento tecnológico brasileiro, segundo o economista Nelson Tavares, um dos palestrantes do segundo seminário de uma série de três eventos realizados pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), que visam a preparação de material para discussão no Congresso Nacional do PPS
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Falta de recursos, investimentos insuficientes em educação e engessamento das fontes de financiamento das nossas universidades ainda dificultam o desenvolvimento tecnológico brasileiro, segundo o economista Nelson Tavares, um dos palestrantes do segundo seminário de uma série de três eventos realizados pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), que visam a preparação de material para discussão no Congresso Nacional do PPS

Por Germano Martiniano

Com o tema, “O Brasil em um mundo em transformação”, a Fundação Astrojildo Pereira (FAP) realiza, neste sábado (3/03), em São Paulo, no Hotel Pergamon, o segundo seminário de uma série de três eventos que visam a preparação de material para discussão no Congresso Nacional do PPS, que ocorrerá no final deste mês também na capital paulista. O seminário terá transmissão ao vivo pelo perfil da Fundação no Facebook: https://www.facebook.com/facefap/.

O seminário deste sábado será liderado pelo economista Nelson Tavares Filho, em conjunto com o secretário executivo do evento, André Amado; o embaixador Ronaldo Costa Filho (Subsecretário de Assuntos Econômicos e Comerciais do Itamaraty) e Luiz Paulo Vellozo Lucas, engenheiro e político brasileiro, que vão compor a mesa principal.

Para discussão do tema também estarão presentes os seguintes participantes: Amílcar Baiardi, Ana Stela Alves de Lime, André Gomide Porto; Benoni Belli, Ciro Gondim Leischsering, Creomar de Souza; Dina Lida Kinoshita, Gustavo Maultasch, Hercídia Coelho, Jorge Caldeira, Lourdes Sola, Luciano de Freitas Pinho, Luís Avelino Lima, Marco Aurélio Nogueira, Martin Cézar Feijó, Mauricio Rudner Huertas, Rogério Baptistini Mendes, Sergio Besserman, Sérgio Campos de Morais, Tibério Canuto e Ulrich Hoffmann.

Tema
O mundo do trabalho, as relações interpessoais e entre países, a força de trabalho e o modo de produção material do mundo atual se modificam a cada dia. Há poucos anos os EUA comandavam a economia internacional soberanamente. Hoje, a economia chinesa decuplicou, e apostas mais recentes são as de que, na próxima década, deverá se tornar a maior economia do mundo.

Além do crescimento econômico chinês, outros países da Ásia também apresentaram taxas de crescimento bem maiores do que a economia americana neste século XXI, com exceção do Japão, o que implica no deslocamento da importância econômica no mundo para o Oriente.

Dentro deste quadro que o seminário em São Paulo debaterá o papel brasileiro neste mundo em transformação. A pauta será a seguinte pauta: deslocamento da importância econômica no mundo para o Oriente; Desenvolvimento Tecnológico; Mudança Tecnológica para Economia Poupadora de Carbono; Impactos do desenvolvimento futuro na Infraestrutura e Impacto sobre a economia brasileira.

Para Nelson Tavares, “a China está se tornando o parceiro mais importante do Brasil”, por isso a necessidade do debate. “Do ponto de vista dos investimentos, a China tem se tornado um “player” importante na América do Sul. Parece disposta a desenvolver parte da infraestrutura do Continente, especialmente, no Brasil”, completou Tavares, que concedeu uma entrevista à FAP. Confira, a seguir, alguns trechos da entrevista:

FAP: O primeiro tema do debate será o “deslocamento da importância econômica para o Oriente”. Como está a relação econômica brasileira com o Oriente e o que podemos aprender com eles para fortalecer nossa economia?

Nelson Tavares: Dois ângulos a serem examinados: primeiro, do ponto de vista comercial, a China está se tornando o parceiro mais importante do Brasil. Grande consumidora de alimentos. E importa muito minério de ferro. A pauta é, principalmente, de produtos primários. Tentamos vender aviões, mas não fomos bem sucedidos. Essa pauta precisa ser estudada para escolhermos a melhor estratégia para enriquecê-la. Do ponto de vista dos investimentos, A China tem se tornado um “player” importante na América do Sul. Parece disposta a desenvolver parte da infraestrutura do Continente. Em especial, no Brasil, tem aplicado recursos em transmissão de energia, geração e aproveitado o fato de que a recessão nos dois últimos anos “barateou” o preço das empresas aqui instaladas.

Por que no Brasil se investe tão pouco no desenvolvimento tecnológico?
Falta de recursos, investimentos insuficientes em educação e engessamento das fontes de financiamento das nossas universidades.

Atualmente, existe a necessidade de se desenvolver, porém agredindo o menos possível o meio ambiente. Em relação a emissão do carbono, os países subdesenvolvidos reclamam que os países desenvolvidos já emitiram suas cotas para crescerem economicamente enquanto que eles não. Ainda há a necessidade de se agredir a natureza para obter crescimento econômico?
Ao contrário. Alguns anos mais, a medição da riqueza terá um novo componente: o quanto você tem acesso a águas limpas, florestas, esgoto tratado, etc… Rico será o país que tiver acesso a todos esses itens, inclusive.

E o Mercosul frente a este novo panorama econômico, seria mais interessante para economia brasileira agir individualmente ou em bloco?
O Mercosul não tem conseguido ter avanços significativos. De qualquer maneira, considero que está havendo uma evolução no que diz respeito à conscientização que precisa haver mais integração. Por outro, o Brasil, nos últimos anos tem mostrado uma incapacidade de liderar os países do continente sul americano.

O que esperar do novo presidente em relação à economia para os próximos anos em nível nacional e internacional?
Voltarmos ao crescimento. De maneira competitiva. Não podemos querer fazer tudo internamente. Precisamos de maior comércio para podermos produzir de maneira competitiva e, consequentemente, poder exportar.  Dedicar e reavaliar a questão do investimento em educação. A divisão da responsabilidade dos governos perante a educação terá que ser redefinida. Os municípios e os estados estão se mostrando incapazes de “dar conta” de sua parte. Necessitamos ter como meta que cada brasileiro tenha, no mínimo, dez anos de uma boa escola. A Universidade tem que desenvolver meios de financiar, ao menos parte, de suas atividades sem a colaboração do governo central. É inadmissível que, quem pagou por escolas todo tempo no nível básico e médio, não queira pagar na universidade. Por fim, a questão ambiental. Seguir, de maneira rígida, o protocolo ambiental de Paris deve ser o mínimo a ser feito. Desenvolver ações de conservação das fontes de água limpa, das florestas tropicais e amazônica. Ações que visem ao tratamento de esgoto, evitando a poluição de rios e oceano. Uma agenda pesada de mudanças.

Confira o próximo seminário:

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