Day: fevereiro 16, 2020

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Your ISP is the communication services company that set up the connection you have in your residence. Most very likely the ISP is the ones charging you for net access. The ISP has some control in excess of the written content you can get from the Online. They can filter the site visitors so that you are not able to view selected web sites/material this restriction, on the other hand, can be conquer with a proxy or VPN. If you need to have to reset your router to the manufacturing unit defaults to entry it or reset some bad configuration it is really straightforward. Most routers occur with a reset button that is ordinarily powering a modest gap. What you will need:paperclip / needle / pointy pen or identical object some persistence and a timer. The recommendations on how to carry out a router reset differs somewhat from router to router, and if you want https://www.what-is-my-ip.co/ to see the correct recommendations, you can always go to https://www. router-reset. com/reset-manuals to locate your make and design. There is nonetheless a generic way to accomplish the router, that functions on all styles: The 30-30-30 reset identify arrives from performing each of the techniques for thirty seconds. The 30-30-thirty really hard reset instructions. Make guaranteed the router is run on. Press and maintain the reset button for at the very least thirty seconds.

Then unplug the router electrical power, with out releasing the reset button Preserve keeping the reset button 30 seconds Plug in the router yet again, even though nevertheless holding the reset button Hold the reset button for one more 30 seconds. After you have performed this sequence you will see the router lights starting to blink for a although, and the moment they stabilize you know the procedure is performed: Your router is now reset to it can be manufacturing unit defaults. Note: If your router is nevertheless unresponsive it could be damaged. An IP handle (brief for Net Protocol address) is a exclusive address for each and every gadget related to a network or the web. When your pc or gadget connects to the internet it will in the qualifications join to a site's server IP that serves the web-site. In your property community all your gadgets also have an IP tackle to converse with every single other within the community community. When connecting to the internet, just about every unit will most probable share the same IP, the community IP of the router or modem, that in convert translates and routes the connections with NAT. This is the IP deal with that your router will get assigned by your ISP, to take care of all communications to the exterior world.

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‘Greta ficou maior do que a causa que defende’, critica Sérgio Vellozo Lucas

Em artigo publicado na revista Política Democrática online, psiquiatra diz que boa parte das pessoas age em “efeito manada”

Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP

“Tenho as mesmas preocupações que a Greta Thunberg e concordo com boa parte do que ela diz, mas acho que, nesse momento, ela ficou maior do que a causa que defende”. A opinião é do médico psiquiatra Sérgio Vellozo Lucas, em artigo que produziu para a revista Política Democrática online. Todos os conteúdos da publicação, produzida e editada pela FAP (Fundaçao Astrojildo Pereira), podem ser acessados gratuitamente no site da entidade.

» Acesse aqui a revista Política Democrática online 

De acordo com Sérgio Vellozo, a polarização em torno do nome da adolescente oferece “apenas uma pequena greta” do grande debate. “Há mais pessoas que se alinham ou se opõem automaticamente à figura de Greta do que gente preocupada em discutir em profundidade as questões do meio ambiente”, afirma o psiquiatra.

Em 2019, Greta foi eleita a personalidade do ano pela revista Time. No artigo publicado na revista Política Democrática online, Sérgio Vellozo critica a mobilização em torno da menina. “A maior parte das pessoas que opinam nas redes apenas se comporta como gado atrás da manada, seguindo formadores de opinião que na maioria das vezes passaram menos tempo na escola do que a própria Greta, como ironizou Ricky Gervais, na apresentação do Globo de Ouro deste ano”, disse o autor.

Greta, conforme escreve o psiquiatra, “é mais um elemento a nos dividir em bolhas”. “Não há dúvidas que ela é uma menina incomum, pode até ter o potencial para se tornar uma liderança mundial efetiva, mas, por enquanto, é mais um produto da agenda politicamente correta, somada à passionalidade das redes sociais, que deram a ela uma atenção muito maior do que merecia e uma dimensão maior do que possui”, diz ele, em outro trecho.

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Vera Magalhães: Tristeza não tem fim

Euforia da virada do ano com a economia esmorece antes da Quarta-Feira de Cinzas

“A felicidade do pobre parece/ A grande ilusão do carnaval/ A gente trabalha o ano inteiro/ Por um momento de sonho/ Pra fazer a fantasia/ De rei ou de pirata ou jardineira/ E tudo se acabar na Quarta-Feira.”

Os versos acima são da pungente A Felicidade, de Tom Jobim, e me voltaram à mente de forma recorrente nesta semana depois da fala de Paulo Guedes a respeito dos malefícios do real sobrevalorizado.

O ministro da Economia atravessou o samba e acabou por contribuir com uma fantasia candidata a hit do carnaval de 2020: além de reis, piratas e jardineiras, vem aí uma legião de empregadas com malas etiquetadas para a Disney.

Porque a tal “festa” das domésticas no exterior só é imaginável em blocos e carros alegóricos, uma vez que, ainda que o real estivesse na base do “um para um” com o dólar, não sobra dinheiro para a grande maioria dos empregados domésticos viajar.

Então, por que raios o homem mais importante do governo, aquele em quem o “deus mercado” aposta todas as fichas, a ponto de tapar o nariz para os despautérios do presidente e a incompetência gerencial em quase todas as outras áreas, se põe a fazer perorações sem nexo dia sim, outro também?

Talvez Guedes esteja percebendo que a pauta que idealizou para 2020 vai deslizando como a felicidade do pobre, e que a euforia com o “boom” da economia brasileira neste ano 2 da gestão Bolsonaro já passou antes mesmo da Quarta-Feira de Cinzas que anuncia a tristeza sem fim da música de Jobim.

Diante das dificuldades, o ministro viaja na maionese ao tentar fazer o jogo do contente da Pollyana. Sim, existem várias razões de teoria econômica para defender o dólar apreciado sobre o real. E nenhuma delas passa nem perto da fictícia festa das domésticas na Disney. Guedes sabe disso, percebeu por onde estava indo quando já era tarde demais e, em vez de encerrar a fala ali, se pôs a tentar emendá-la.

Não pode ser atribuída só à falta de tato retórico a reiteração de declarações atravessadas do ministro: ele está claramente pressionado e desgostoso com o ritmo dos seus projetos, e não pode culpar quem deveria.

Guedes imaginou que a tal linha de produção de reformas estaria mais azeitada neste ano. Depois de segurar a reforma administrativa, Bolsonaro começou 2020 enaltecendo sua urgência. Para, logo em seguida, engavetá-la de novo. E que aqui ninguém tente culpar sua fala comparando servidores a “parasitas”, outro meme instantâneo pela referência ao grande ganhador do Oscar deste ano. A má vontade com a reforma já havia sido replantada na cabeça do inseguro presidente pelos seus assessores palacianos, com os quais o titular da Economia vem se estranhando não é de hoje.

Sem poder mandar ao Congresso a reforma tributária que gostaria, com a administrativa engavetada, tendo de apagar incêndio de Bolsonaro com os governadores depois do ridículo “desafio” de zerar o ICMS dos combustíveis, tendo sido bucha de canhão em Davos para ouvir as críticas que deveriam ser destinadas ao colega do Meio Ambiente, Ricardo Salles, há de se convir que o Posto Ipiranga está numa fase “tristeza não tem fim”.

O duro é que a conjuntura internacional, com um surto do novo coronavírus cujos alcance e duração não são possíveis de estimar, e o calendário local, com eleições logo ali, não prenunciam que as coisas vão melhorar depois da Quarta-Feira. Dependerá da articulação política, que, por ser naturalmente desconjuntada, precisa da atuação direta de Guedes. Se ele não sair dessa maré braba, e rápido, a euforia da virada de ano terá sido como a felicidade do pobre. Ou das domésticas, que não conseguem viajar nem para Cachoeiro do Itapemirim, quem dirá para a Disney.


Celso Lafer: Liberalismo/liberalismos

Entende-se o valor da liberdade quando ela é cerceada pelo arbítrio e pelas intolerâncias

São muitas as referências ao liberalismo na pauta do debate público. Poucas as considerações mais satisfatórias e abrangentes sobre seu alcance, como expôs com densidade José Guilherme Merquior em O Liberalismo - Antigo e Moderno (1991).

Na elucidação conceitual do liberalismo, a primeira observação é a de que não se circunscreve ao catecismo simplificador dos seus críticos, que nele identificam, na atual conjuntura, apenas a defesa do pensamento único da liberdade econômica dos mercados.

São muitos os idiomas do liberalismo e múltiplos e diversificados os temas dos seus patronos intelectuais. Entre eles, Immanuel Kant e Adam Smith, Alexander von Humboldt e Alexis de Tocqueville, Benjamin Constant e John Stuart Mill, Friedrich Hayek e Raymond Aron, Karl Popper e Isaiah Berlin.

Todos esses autores têm afinidades. Resultam de uma compartilhada preocupação com a defesa e a realização da liberdade. Partem de uma visão da sociedade concebida como plural, na qual o ser humano, com a sua dignidade própria, não se dissolve no todo.

Pressupõem que o mundo não é uma realidade determinista, mas um conjunto de probabilidades e possibilidades que estão ao alcance do criativo e inovador exercício das múltiplas dimensões da liberdade.

É esse terreno comum que permite inserir esses grandes nomes e suas reflexões no âmbito do liberalismo. Caracterizam-se, no entanto, por diferenças apreciáveis. É por isso que cabe falar em liberalismos, no plural, e pontuar que em contraste com a tradição socialista, na qual avulta a hegemonia de Karl Marx, o panteão do liberalismo, desde as suas origens e nos seus desdobramentos, é plural. Não é por acaso que a palavra liberal, como adjetivo, designa a postura de um espírito aberto e não dogmático.

A dimensão plural do liberalismo provém do fato de que a liberdade não é una, mas múltipla, e passa pela política, pela cultura, pelo social e pelo econômico.

Possui, não obstante suas diversas camadas de significado, uma força de atração motivadora, que Cecília Meirelles ilumina no Romanceiro da Inconfidência: “Liberdade – essa palavra/ que o sonho humano alimenta/ que não há ninguém que explique/ e ninguém que não entenda”.

Entende-se o valor da liberdade, que alimenta o sonho humano, quando ela é cerceada ou corre o risco de ser cerceada pelo arbítrio da coerção e da prepotência e pelas intolerâncias discriminatórias.
Foi numa época de avassaladora denegação da liberdade que Franklin D. Roosevelt, em 1941, enunciou a importância do alcance de quatro liberdades essenciais: da palavra e expressão, de crença, de viver sem o império da necessidade e de viver sem medo.

A manifestação de Roosevelt sobre as quatro liberdades foi uma das fontes inspiradoras da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, que conferiu dimensão normativa à agenda internacional e consagrou múltiplas dimensões de liberdade: de ordem pessoal (artigos 3.º a 11); dos direitos do indivíduo no seu relacionamento com os grupos a que pertence e às coisas do mundo exterior (artigos 12 e 17); das faculdades espirituais, das liberdades públicas e dos direitos fundamentais (artigos 18 a 22); dos direitos econômicos, sociais e culturais (artigos 22 e 27).

Explicita assim tanto a liberdade como espaço próprio delimitador do grau de interferência na vida das pessoas quanto a de participação na vida pública, um dos componentes da democracia.

É a preocupação com as múltiplas dimensões de liberdade que faz com que os pensadores dos liberalismos tenham como um dos seus temas o papel das instituições que a preservam dos que a denegam política, econômica e culturalmente. Anoto, a propósito de liberdade econômica, que os mercados não operam no vazio; por isso o bom funcionamento da economia requer instituições, como aponta, entre outros, Douglass North.

O liberalismo está na origem do constitucionalismo, da divisão de Poderes, do Estado de Direito e da tutela dos direitos humanos. Daí a relevante permanência do seu legado.

Michael Walzer, que enfrentou as múltiplas dimensões da justiça elaborando seu grande livro sobre as distintas esferas da justiça, também deu estimulante contribuição à preservação institucional das liberdades, considerando o liberalismo como a arte da separação. Assim, a separação Igreja-Estado preserva a liberdade religiosa; a do público e privado preserva da interferência estatal a família e o indivíduo e também abre espaço para a liberdade econômica de empreender. A arte da separação enseja a liberdade acadêmica, do ensino e da pesquisa, que sustenta a autonomia universitária, assim como a da cultura e da criação artística. A arte da separação assegura o antidogmatismo que permite a procura da verdade sem o arbítrio da censura e da imposição de uma “verdade oficial”.

Em síntese, velar e combater pela arte institucional da separação, inerente aos idiomas dos liberalismos, é o que nos cabe fazer, com a preocupação do futuro, na atual conjuntura caracterizada por riscos, internos e externos, aos cerceamentos da liberdade.

*Professor emérito da Faculdade de Direito da USP, foi ministro de Relações Exteriores (1992 e 2001-2002)


Eliane Cantanhêde: Onde Huck se encaixa

Huck tira votos do PT, mas precisa ser considerado pelo eleitor de Bolsonaro

Ano eleitoral, nervos à flor da pele e o instinto de preservação da espécie política em alerta. Afinal, para onde vão os ventos da polarização brasileira? E é assim que começam as pesquisas formais e informais, as conversas que extrapolam partidos e os cálculos sobre os investimentos, não só para o outubro como também, ou principalmente, para 2022. O senador Ciro Nogueira, do PP do Piauí, começou a sentir “um declínio muito grande do PT e quis sentir para onde esses votos estavam migrando”. Encomendou pesquisas, ou melhor, levantamentos sem controle de amostra, em cidades representativas, e surpreendeu-se com o resultado. Agora, anima outros partidos, como o PDT, e outros estados, como Tocantins, a fazerem o mesmo: detectar a movimentação dos votos.

No Piauí, foram escolhidas duas cidades onde o PT deu um banho em 2018, refletindo o poder vermelho no Estado e em todo o Nordeste. E esses levantamentos do senador, feitos em dezembro para consumo próprio, sem registro oficial, mostram a entrada em cena de um novo personagem: Luciano Huck, o apresentador de TV que nem partido tem, mas já mostra a cara, monta equipe e prepara plano de governo.

Em Picos, o petista Fernando Haddad teve 74,74% (30.013 votos) no segundo turno e Jair Bolsonaro, 25,26% (10.143). No levantamento agora, Haddad caiu para 38,4, Huck ficou em segundo, com 24,8%, e Bolsonaro recuou para 20,1%. Em Floriano, Haddad teve 74,87% no segundo turno, com 24.011, contra Bolsonaro, 25,13%, com 8.059.

Hoje, pelo levantamento, Haddad despenca para 37,9%, Huck dispara para 27,9% e Bolsonaro reduz o seu teto para 17,7%. Obviamente, trata-se de duas pequenas cidades de um único Estado, mas são assim que as coisas começam: daqui e dali, dando indícios, sugerindo rumos. Com o próprio Jair Bolsonaro, poucos prestaram atenção e acreditaram quando ele começou a pipocar. Deu no que deu.

Portanto, é importante detectar tendências, partindo dos votos reais de 2018 e vendo a evolução do humor dos eleitores. Em resumo, a força do PT e de Haddad vem de baixo para cima, concentrada nos menos escolarizados e de menor renda, enquanto Bolsonaro cresceu e venceu no sentido oposto.

Seus votos aumentaram na proporção da renda e da escolaridade do eleitor. Cruzando-se essa constatação com levantamentos que o próprio Luciano Huck mantém sistematicamente, há uma base de análise interessante para 2022. Nelas, o potencial de Huck está justamente nas classes C, D e E, onde se concentram seus telespectadores. Conclusão: Huck compete diretamente com o PT, qualquer que seja o candidato petista. Assim, suas chances presidenciáveis, que ainda são uma incógnita (como a própria candidatura), dependem de sua capacidade de tirar votos do PT, para então ser levado a sério entre os eleitores de Bolsonaro. De baixo para cima.

Um processo de reeleição favorece quem, como Bolsonaro, tem o cargo, a caneta e o excesso de exibição à mão, e não se sabe se Huck terá estômago e coragem para entrar em campanha, mas ele está aí, reúne a boa vontade de um ex-presidente, ex-governadores, economistas de peso e líderes partidários consideráveis.

Logo, convém que não se repita com Huck o que ocorreu com Bolsonaro: enquanto as elites torciam o nariz e nós, jornalistas, considerávamos a pretensão absurda, o capitão foi crescendo, se impondo como realidade eleitoral. A internet e a massificação de uma inverdade – de que só ele bateria o PT - fizeram o resto. São três anos, há muito chão pela frente, mas não vamos fechar os olhos para as possibilidades que se colocam, inclusive considerando que o PT, mesmo ferido e dependente patológico de Lula, tem força, recall e discurso. O tabuleiro está em aberto, mas é preciso prestar atenção nas peças e como elas se mexem.


Vinicius Torres Freire: Ocupação militar do Planalto pode ajudar aloprados ideológicos do governo

Governo pode ficar mais livre para fazer demagogia, da gasolina à religião

A “ala militar” deu um chega para lá na “ala ideológica” do governo, a gente lê por aí. Hum.

É verdade que a seita de aloprados reacionários perdeu cadeiras no Planalto, mas a turma ainda mora de pijaminha no coração do presidente, de resto líder de torcida das milícias virtuais. Se por mais não fosse, a seita é liderada politicamente pela filhocracia bolsonariana.

No mais, a “ala ideológica” continua fora da casinha e vivíssima, o que é evidente por exemplo na demagogia com a gasolina ou no ataque à razão, à cultura ou a jornalistas, como na campanha imunda contra Patrícia Campos Mello, jornalista desta Folha, aliás difamada com apoio do Twitter.

O ministro-general Augusto Heleno é “ideológico” ou “militar”? Acaba de acusar até o papa de “confraternizar com um criminoso” (Lula), “exemplo de solidariedade a malfeitores, tão a gosto dos esquerdistas”.

Dá-se pouca bola para demagogias como a da gasolina, que pegou. Quem conversa com o povo na rua e nas redes ouve que “o Bolsonaro quer baixar a gasolina, mas os governadores e os deputados não deixam” e variantes.

Preços de comida, gasolina, ônibus e dólar são indicadores econômicos “pop” importantes, qualquer demagogo grosso sabe. O índice de irritação com a gasolina, o “Irrigás”, digamos, está no nível mais alto desde pelo menos 2012, com exceção de maio de 2019 (época de mau humor na economia) e da greve dos caminhoneiros, baderna apoiada por Bolsonaro e empresários bolsonaristas e espertalhões em geral.

Pode se medir o “Irrigás” comparando o custo de encher o tanque de um carro popular com o salário médio. Tende a ficar nesse nível alto ou subir. O salário quase não sobe, o dólar vai ficar nas alturas, o preço do petróleo não deve cair mais, afora em caso de derrocada na economia mundial.

Pode haver mais rolo: o Supremo está para julgar a inconstitucionalidade do tabelamento do frete. Se o tabelamento cair, há risco de rolo, o que assusta Jair Bolsonaro, que não teria como apoiar caminhonaços, como o fez em 2018.

Essa digressão da gasolina ilustra como a “ala ideológica” vai além dos disparates atrozes e desumanos do governo. Bolsonaro cria atrito político ou desordem nas expectativas de gestão racional da economia por fazer essas e outras demagogias, que abalam mesmo as sagradas reformas.

Decerto chamou o Exército com o objetivo de evitar trabalho administrativo, que o exaure, e porque foi aconselhado a conter a desordem. Também porque não conhece outros quadros. Passou a vida a circular por quartéis, por sua paróquia mental de ressentimento odiento, pelo porão da ditadura e pelo baixíssimo clero parlamentar.

Se conseguir terceirizar o governo para generais, para o premiê Rodrigo Maia e para Paulo Guedes, pode se dedicar mais à reeleição e ao comando da seita, que quer transformar em partido.

Além da desordem ruinosa, prepara-se na Educação um plano de doutrinação ignara, com livros didáticos e com tudo. Mesmo tutelado pelo vice-general Mourão, o Ministério do Mau Ambiente continuará a ofensiva mineradora e ruralista contra indígenas e matas.

A ministra dos Costumes, Moral e Cívica, Damares Alves, continuará a campanha contra o Estado laico e de arregimentação de simpatias neopentecostais.

Militares não gostam de bagunça, da cama desarrumada à agitação social, passando pelo governo. Se tiverem sucesso, os Bolsonaro estarão mais livres e fortes para comandar a “ala ideológica”.


Bruno Boghossian: Na guerra ideológica, Bolsonaro ganha até quando perde

Presidente estimula sua base mesmo quando não consegue entregar soluções concretas

Dias depois da eleição, Jair Bolsonaro anunciou a transferência da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém. Parecia uma simples mudança de CEP, mas não era assim. Ainda no primeiro ano de mandato, os militares desmontaram a armadilha, já que o plano era visto como afronta pelos países árabes.

O presidente perdeu a queda de braço dentro do governo, mas não admitiu desistir e passou a empurrar a ideia com a barriga. Em dezembro, disse ao primeiro-ministro israelense que a troca aconteceria em 2020. Dois meses depois, deu uma entrevista a um pastor evangélico e disse que tudo seria feito até 2021.

Para Bolsonaro, as bravatas e a propaganda valem mais que resultados objetivos, na maior parte das vezes. O presidente se especializou em vender planos de difícil execução e soluções impossíveis para problemas fantasiosos, apenas para manter sua base política estimulada.

O governo sabe que uma transferência definitiva da embaixada para Jerusalém criaria complicações desnecessárias para o Brasil. Bolsonaro dá sinais de hesitação, mas continua balançando a cenourinha na frente de cavalos famintos pela mudança. Assim, ele reforça um discurso caro à comunidade evangélica, mesmo que o projeto não se concretize.

A mesma lógica está por trás de sua recente tentativa de emparedar os governadores no debate sobre o preço dos combustíveis. O presidente sabia que nenhum estado poderia zerar a cobrança de ICMS nesses casos, mas o próprio lançamento da ideia fracassada fez com que ele acumulasse pontos com seu eleitorado.

Incapaz de construir acordos, Bolsonaro deixou no papel sua pauta de costumes e viu o Congresso derrubar propostas como a flexibilização do acesso a armas de fogo. Ele não se importou. No círculo de seguidores fiéis, o mito ganha até quando perde.

Os acenos simbólicos são suficientes para reforçar as trincheiras ideológicas de Bolsonaro. Basta prometer acabar com o comunismo e combater a depravação nas escolas enquanto espera as curtidas nas redes.


Janio de Freitas: Banana de Bolsonaro a jornalistas é síntese e símbolo da concepção que a gorilagem faz

A banana gestual que Bolsonaro dirigiu a um grupo de jornalistas, sem sequer pergunta ou observação que o incomodasse, fez mais do que um instante apalhaçado em telejornais mundo afora.

Proporciona uma síntese e um símbolo da concepção que a gorilagem faz não só dos jornalistas, mas de toda a sociedade que eles representam, na intermediação entre os homens e a vida do seu planeta.

No país em que ao ocupante da Presidência é admitido gesticular bananas, quando não insultos verbais, o que um moleque faz ao caluniar uma jornalista admirável por todos os bons motivos, como Patrícia Campos Mello, é identificar-se com o seu presidente.

Note-se, também como próprio deste tempo, outro fator que os identifica. Liga-os até em comprometimento pessoal e de fora da lei. O moleque trabalhou na produção de mensagens em massa, por internet, que fraudaram a disputa eleitoral para favorecer Bolsonaro.

Coisas assim permitem alargar muito o conceito de parasita restringido por Paulo Guedes aos funcionários públicos (sem esquecer, nesse conceito, que os militares também são funcionários públicos).

O próprio Paulo Guedes é, em pessoa, um exemplar notável de parasitismo, na margem do serviço público mas às custas dele. Sua riqueza veio de operar com e para fundos de pensão. De servidores.

Nada mais parasitário do que esse tipo de atividade, que faz fortunas com o que servidores trabalharam para ganhar e dispor no futuro (e nem sempre receber, ao menos na porção correta, como está implícito nos escândalos de desvios e alegadas más aplicações de vários fundos, por dirigentes e seus operadores. Também isso o hoje ministro conhece como especialista do setor).

Paulo Guedes é um exemplar típico do economista de mercado, esses que adulteram o conceito de liberal para sob ele se esconderem. São economistas transgênicos. Condição em que Paulo Guedes constrói com palavras as bananas dirigidas à população.

Com elas e com seus projetos de reforma, tem mostrado o que de fato querem os liberais transgênicos.

Em breve confissão da sua repugnância à ida de empregadas domésticas à Disney, seja por conta própria ou como empregadas mesmo, Guedes desnudou o inimigo da redução de desigualdades —sociais, econômicas, étnicas, educacionais— que há em cada economista de mercado e nos seus seguidores na política e no jornalismo.

AOS PEDAÇOS
Parte da Petrobras está em greve há 15 dias. Os que publicam críticas à censura de livros, como devem, não fazem cobertura da greve.

Os grevistas protestam contra a possível privatização da empresa, como desfecho da atual e pouco conhecida venda a varejo de subsidiárias e outros componentes do patrimônio. Por decorrência da venda de suas ações, o Estado conta agora, para o controle firme da Petrobras, com apenas 0,3% acima do necessário em ações com direito a voto. Está com 50,3%.

Quando isso mesmo ocorreu no tempo de Figueiredo, o Estado brasileiro chegou a perder, certo dia, o controle acionário da Petrobras. Houve uma correria de pânico no governo, para restabelecer o domínio. O segredo foi quebrado, na ocasião mesma, por artigo aqui.

ESTÁ CLARO
A medida provisória 910/2019, que aumenta em quatro vezes a regularização de posse particular de terras da União, não precisa de explicações. Uma coisa dessas nunca nasce sem endereço. Dessa vez é ate mais caprichada: para dar as terras de propriedade do país, basta que o suposto ocupante se declare ocupante de fato.

Depois o governo decide a quais peticionários atenderá.

POR ORA, NADA
É aconselhável não dar maior consideração a qualquer das informações oficiais ou oficiosas sobre o assassinato do miliciano capitão Adriano da Nóbrega. Nem mesmo, ou sobretudo, às da petista Secretaria de Segurança da Bahia.

*Janio de Freitas, jornalista


Ricardo Noblat: Bolsonaro, mais um gesto obsceno e o desejo de mandar na imprensa

Outra quebra de decoro

Em sua escalada de agressões à imprensa, sentindo-se autorizado por seus seguidores nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro, ontem, pela manhã, à saída do Palácio da Alvorado, deu mais uma “banana” para os jornalistas que tentavam entrevistá-lo. Foi a segunda em uma semana.

À noite, de volta ao palácio, avisado de que a TV Globo divulgaria a resposta do governador Rui Costa (PT), da Bahia, ao ataque que Bolsonaro lhe fizera à tarde, o presidente divulgou uma nota e advertiu em seguida: “Ou a TV Globo lê as duas notas ou não lê nenhuma, tá ok.”

De manhã, Bolsonaro irritou-se com perguntas sobre a redução do espaço da biblioteca do Palácio do Planalto para a construção, ali, de um gabinete destinado à sua mulher, Michelle. À tarde, no Rio, com perguntas sobre as ligações de sua família com o miliciano Adriano da Nóbrega.

Na ocasião, alegou que Nóbrega, morto na Bahia na semana passada, era “um herói” da Polícia Militar do Rio quando seu filho Flávio, então deputado estadual, o homenageou duas vezes. Disse que, à época, Nóbrega ainda não fora condenado com sentença transitado em julgado.

Foi quando aproveitou para tentar sair das cordas e desviar o foco das perguntas. Disparou então: “Quem é responsável pela morte do capitão Adriano? A PM da Bahia, do PT. Precisa falar mais alguma coisa?” Da Bahia, o governador replicou horas depois:

– O Governo do Estado da Bahia não mantém laços de amizade nem presta homenagens a bandidos nem a procurados pela Justiça. […]. Mas se estes atiram contra pais e mães de família que representam a sociedade, os mesmos têm o direito de salvar suas próprias vidas, mesmo que os marginais mantenham laços de amizade com a Presidência.

Daí a longa nota expedida por Bolsonaro à noite em resposta ao governador. Parte da dele e do que escrevera Costa no Twitter foi lida no Jornal Nacional. Curiosa a posição de Bolsonaro quanto a Nóbrega se comparada à sua em relação ao ex-presidente Lula.

Nóbrega, segundo ele, quando homenageado por Flávio, não fora condenado com sentença transitado em julgado. Quer dizer: em definitivo, esgotados todos os recursos. Lula também não foi até hoje. Diz a Constituição brasileira no seu artigo 5º, LVII:

“Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.

Mas Bolsonaro, em suas declarações sobre Nóbrega, evita criticá-lo diretamente. O oposto do tratamento que dispensa a Lula. O ex-presidente foi acusado de roubar e de deixar que roubassem. Nóbrega, de ser um matador de aluguel e líder de milícia.

Quanto à repetição do gesto obsceno dirigido a jornalistas, Bolsonaro afronta o decoro a que se obriga quem exerce um cargo público – no seu caso, o mais importante cargo público do país.


Elio Gaspari: O grande golpe da CIA

Grampo americano em máquinas antiespionagem vendidas por empresa suíça durou 20 anos e atingiu uma centena de países, inclusive o Brasil

No maior golpe de um serviço de inteligência durante a Segunda Guerra Mundial, os ingleses quebraram os códigos alemães valendo-se dos melhores matemáticos do país e de uma equipe que chegou a reunir dez mil pessoas em Bletchley Park. Nos anos 1970, a Central Intelligence Agency Americana conseguiu quebrar os códigos de mais de uma centena de países com pouco esforço. Brasil, Argentina, Líbia, Irã e até o Vaticano compravam máquinas codificadoras da empresa suíça Crypto. Desde 1970 e por quase 20 anos a CIA foi simplesmente sócia secreta da Crypto, e as máquinas estavam grampeadas. Enquanto os ingleses gastaram milhões de libras para manter sua operação, a CIA ganhou milhões de dólares com a venda dos equipamentos aos países-clientes.

Esse grande golpe acaba de ser revelado pelo repórter Greg Miller, do The Washington Post. O grampo americano funcionou durante 20 anos e nele estava, como sócio, o serviço de inteligência alemão.

O Brasil entrou na lista das vítimas, mas em 1976 o Serviço Nacional de Informações decidiu criar uma operação de criptografia, recrutando professores, militares e diplomatas. Nessa época, só dez pessoas sabiam da existência do projeto, e os equipamentos comprados no exterior eram trazidos como contrabando diplomático. Os técnicos brasileiros disseram que as máquinas suíças eram cavalos de Troia e mostraram onde estavam os furos de suas concepções, decifrando mensagens de outros governos. Depois de 1978, as máquinas suíças foram desativadas. Mais tarde, a operação virou uma estatal, a Prólogo, e em 1981 ela tinha 350 funcionários.

Comprovadamente, em 1972 a Marinha brasileira fez uma compra de US$ 250 mil à Crypto. Segundo um documento da CIA de 1977, o Brasil forneceu máquinas do modelo CX52 da Crypto aos governos da Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai metidos na Operação Condor.

No mundo da criptografia, há anos desconfiava-se que as máquina suíças estavam envenenadas. Em 1982, durante a Guerra das Malvinas, os militares argentinos suspeitaram que suas máquinas estivessem bichadas e interpelaram a Crypto, mas foram engambelados.

A autofritura de Paulo Guedes
O “Posto Ipiranga” colocou-se num processo de autofritura. Suas declarações demófobas contra as mulheres que trabalham nas casas dos outros e os servidores públicos, revelam o destempero pessoal de uma mente autoritária e ególatra.

Deixando-se de lado a retórica de Paulo Guedes (o que não é pouca coisa), o maior problema da quitanda do ministro está na entrega de berinjelas à freguesia. A contração da indústria e a queda das vendas do varejo em dezembro são fatos reais. Os servidores poderiam ser parasitas e as domésticas poderiam ser proibidas de ir à Disney e a economia continuaria andando de lado. Se isso fosse pouco, Mansueto Almeida, o quadro mais qualificado de seu ministério, está com um pé e a alma fora do governo.

Guedes acumulou poder anexando órgãos da administração pública. O oposto do que fez Delfim Netto, o mais poderoso ministro da Fazenda dos últimos cem anos. Delfim nunca anexou repartições. Ele colocava seus valets nos postos-chave e operava das seis da manhã à meia-noite. Além disso, era coloquial até mesmo quando enrolava a audiência (na crise da dívida, por exemplo). Aulas como as do seminário ambulante de Paulo Guedes, Delfim nunca deu.

A fritura de Guedes tem aspectos de uma autocombustão. A reforma tributária do ministro tornou-se um Rolls-Royce sem motor, lindo quando parado, mas sem a CPMF. A administrativa foi envenenada numa proeza de Asmodeu. Ele conseguiu viciar uma discussão sobre algo que não afetará os servidores que estão em atividade hoje. Sabendo-se que a máquina pública funciona mal, travar essa discussão equivale a dizer ao doente que ele não deve pensar em ir a um hospital.

Guedes, como todo “Posto Ipiranga”, está em cima de um depósito de combustível e, ao contrário do que dizia Tiririca, pior fica.

Boas notícias
Nas próximas semanas chegará às livrarias “Capitalismo na América”, de Alan Greenspan, o ex-presidente do Fed, em parceria com o jornalista Adrian Wooldridge. São 460 páginas com uma história dos Estados Unidos de Cristovão Colombo a Donald Trump. É uma exaltação erudita e documentada, do capitalismo criador e destrutivo dos Estados Unidos. Só Alan Greenspan poderia assinar uma de suas frases, referindo-se a Alexander Hamilton, o primeiro formulador da grandeza econômica do país: “Ele era um gênio nato do calibre de Mozart e Bach”.

(Hamilton morreu num duelo em 1804 e seu túmulo está no cemitério da igreja de Trinity, na entrada de Wall Street. Vale a visita.)

“Capitalismo na América” não tem índios, negros, pobres, nem mulheres. Daí a segunda boa notícia, pois ainda neste ano, ou no início de 2021, sairá a tradução de “These Truths”(Essas Verdades), da professora Jill Lepore. Ela conta a mesma história, vista do andar de baixo.

Para os agrotrogloditas, um petisco de Greenspan: “No Brasil colonial, o governo distribuía porções gigantes de terras para grandes proprietários. Na América capitalista, ele distribuía terras entre pessoas comuns com a condição de que cultivassem o solo”.

Eremildo, o idiota
Eremildo é um idiota e achou ótima a ideia de se criar um Conselho da Amazônia sem a participação dos governadores da região. Ocorreu-lhe a ideia de criação de outro conselho, encarregado de tudo, sem conselheiros.

Outra hipótese seria preencher os lugares com notáveis. O Conselho Geral teria o Padre Feijó, o marechal Floriano Peixoto, o Barão do Rio Branco, Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves.

As Spacetroopers
Em 2017, seis jovens do Colégio Santa Terezinha, de São Gonçalo, entraram com a cara e a coragem numa competição internacional da Nasa, a agência espacial americana, destinada a estimular estudantes que projetassem veículos de transporte para outros planetas ou para a Lua. Voltaram com dois prêmios. Participaram novamente nos anos seguintes e em 2109 conseguiram o sétimo lugar na classificação mundial.

A fundadora do grupo, Rafaela Bastos Costa, que em 2017 cursava o ensino médio, está hoje na Minerva University, nos Estados Unidos. Ingryd Andrade, da equipe de 2018, estuda nanotecnologia na UFRJ e Anna Clara Gonçalves faz o vestibular de Medicina.

Aimée Borges, Beatriz Mata e Rafael Moreira, da equipe de 2020, são alunas do ensino médio de Santa Terezinha, estão na equipe dos Spacetroopers Brasil deste ano e irão em abril para a competição em Huntsville, no Alabama.

Como em todos os anos, esses jovens precisam de ajuda para a viagem. Quem acha que a ideia é boa ideia, pode entrar em contato com a diretora do Colégio Santa Terezinha, Lúcia Helena Bastos Vieira de Souza.


Joaquim Falcão: ‘Coringa’, ‘Parasita’ e desemprego

O normal seria comparar o índice de emprego deste mês com o índice de emprego do mês passado, dentro da mesma métrica

A pergunta é simples e decisiva. A resposta deveria ser simples e precisa.

Quantos brasileiros estão, a cada mês, empregados, recebendo seus plenos direitos trabalhistas? E vice-versa?

Quantos brasileiros estão, a cada mês, desempregados, sem receber seus plenos direitos trabalhistas?

Interessa saber a todo brasileiro, empresas, sindicatos, partidos, Banco Central. Sem o que não se pode avaliar se a política econômica do governo faz bem ou mal ao país. Espera-se que bem.

O sucesso da política financeira não se mede apenas por inflação e juros baixos. Quanto mais baixos, melhor.

Vejam a dura crítica social, indignação, mesmo criminosa, do povo, nos filmes “Coringa” e “Parasita”, ao atual sistema financeiro que gera desemprego.

Países adotam juros negativos. Outros querem subir juros e não conseguem. Outros querem baixar — até onde? — e conseguem.

O doente econômico ficou sem remédio unívoco e eficaz.

O normal seria comparar o índice de emprego deste mês com o índice de emprego do mês passado, dentro da mesma métrica. Simples assim.

Mas não somente cada instituição tem seu índice. OIT, IBGE, Caged etc. Como cada índice tem sua métrica. Cada métrica tem conceitos diferentes de emprego e desemprego.

Em nome de buscar a transparência total da realidade do emprego — o que é bom — criaram-se tantos conceitos, preconceitos, distintas realidades econômicas, especificidades, que a confusão é geral. Pura Babel.

Vejam só.

Começam conceituando “força de trabalho” como todos os trabalhadores acima de 14 anos. Podem ser do setor privado, do setor público, empregadas domésticas. Com ou sem carteira assinada.

Dividem-se depois em “ocupados” e “desocupados”. Mas nem todos os ocupados estão empregados. Ocupados podem fazer bicos, trabalhar por conta própria; podem ter ou não a carteira assinada; uns estão procurando emprego, outros já desistiram, desesperados.

Tem os desalentados. Existem os empregadores do “bloco do eu sozinho e os empregadores com mais de dois empregados”.

Existem os que estão no setor formal, e os que estão no setor informal, o subemprego, e por aí vamos.

Na ânsia de dar boas notícias, o governo aumenta a confusão. Canta como vitória da política econômica o maior número de ocupados naquele mês, quando decaiu, no mesmo mês, o número de empregados com direitos plenos. É como um empregado valesse dois terços.

Cheguei mesmo a procurar autoridades do IBGE, doutores de think tanks econômicos, professores de economia de escolas acima de qualquer suspeita. Nada. Não consegui as respostas simples e precisas que procurei. Aumentou-me a confusão.

No máximo, sabem que a produtividade do PIB continua diminuindo. Precisamos de mais horas de suor do trabalhador para fazer o mesmo. Ou menos.

Exemplo? Antes, precisávamos de oito horas de trabalho de um trabalhador para fazer o produto X. Hoje, precisamos de nove horas para fazer o mesmo produto.

Para entender é preciso um doutorado em Economia. E não apenas um título de eleitor.

Não são poucos os que acham que a queda de juros, em vigor há três anos —desde Temer —, não trouxe mais e melhor emprego para nossos trabalhadores e empresas.

A moda econômica é dizer que este é problema global. Ou culpar o Uber e os diversos aplicativos de entrega. Ocupam, mas não empregam.

Se chegarmos assim em 2022, vai ter problema. Ou mesmo antes.

Quando anunciam que a taxa Selic está em 4.5, são precisos e concordes. Quando dizem que o Banco X lucrou 20 bilhões no semestre, também.

Mas com o número de empregados e desempregados com plenos direitos, não.

Às vezes fico pensando que os economistas, financistas e estatísticos, em vez de entrarem em acordo, viraram advogados e juízes.

Se continuarem assim, vão todos acabar no Supremo. Onde, às vezes, a vítima, o Brasil, vira o culpado, o Brasil.

*Joaquim Falcão é professor de Direito Constitucional